Inteligência Artificial, Ciência de Dados e o próximo ciclo de escassez no trabalho
Esse é um texto original do Marcelo Coutinho da FGV, que apresentou seus estudos e opinões no Big Data Revolution dia 12/7/18 em São Paulo, vale a pena conferir:Pensamento crítico, Comunicação e Criatividade como diferenciais no mercado. A explosão na oferta de previsões eficazes, baseada na combinação entre os avanços da Inteligência Artificial e a abundância de dados vai gerar uma escassez de habilidades de execução e pensamento crítico –diante da menor incerteza nas decisões, a capacidade de atribuir valor para elas será a maior fonte de vantagem competitiva de um indivíduo, seja ele um empreendedor ou gestor (se você tiver mais interesse sobre o impacto econômico da Inteligência Artificial, recomendo o excelente Prediction Machines: The Simple Economics of Artificial Intelligence https://amzn.to/2KvrMRh).Neste contexto, dados NÃO são o novo petróleo, mas sim um capital tão importante quanto o capital financeiro, intelectual ou social. Quanto maior o fluxo de dados, maior será o potencial de crescimento de um mercado (basta ver a turbulência que alterações nas leis sobre privacidade e uso de dados estão causando em diversos setores e países). Mas esse potencial só se concretiza se conseguimos atribuir um valor aos dados –e atribuição de valor é uma capacidade que depende do entendimento do contexto.Ao mesmo tempo, esses avanços vão gerar um extraordinário aumento da produtividade (um funcionário da FoxConn, empresa que manufatura todos os aparelhos da Apple, gera um lucro de U$ 2.700/ano, contra U$ 323.000 por funcionário da Apple). Os conflitos pela captura do aumento da produtividade vão gerar tensões dentro das empresas, entre as empresas e entre o mercado e a sociedade. Neste cenário, capacidade de comunicação vai ser crítica para determinar os vencedores –e consequentemente, outro recurso escasso. Um dos melhores exemplos da crescente importância da boa comunicação veio do último livro de Aswath Damodaran, um dos maiores gurus da análise financeira nas últimas décadas: boas estórias geram drivers de valor, e esses drivers é que são avaliados pelos investidores –pense no Uber, Amazon e Alibaba, entre outros (https://bit.ly/2LIZsPa).Nas palavras de Gary Gasparov, refletindo sobre os avanços da Inteligência Artificial duas décadas depois da sua derrota para o Deep Blue:
“AI will force us to be more human. Automation will make us focus on the traits that humanity can do better than artificial intelligence, like creativity and imagination. We’ll leave the rest to machines”.
Investir em competências como senso crítico e comunicação pode ser tão ou mais importante que as competências de análise de dados (que as máquinas irão fazer de forma cada vez mais rápida, precisa e sofisticada).Para quem não for capaz de acompanhar essas transformações – e as evidências factuais são de que boa parte dos trabalhadores atuais nãos será, mesmo com muito treinamento (https://read.bi/2Lo6cCF) – as opções são a informalidade, o apoio estatal (via um programa de renda mínima ou similar) ou a revolta. Esse cenário é particularmente preocupante no caso brasileiro, como apontam alguns dos mais importantes estudos sobre o impacto da tecnologia no mercado de trabalho na próxima década (https://mck.co/2JfsOnO e https://bit.ly/2NKY8IV, entre outros).Esses são alguns dos palpites que apresentei na Big Data Revolution, evento recentemente promovido pela Cappra Data Science no Google Campus aqui em São Paulo. Você encontra minha apresentação em https://www.slideshare.net/mcoutinholima/data-science-soft-skills-e-o-mercado-de-trabalho. Aguardo suas críticas, comentários e sugestões para continuarmos o debate.Acompanhe e comente mais diretamente com o Marcelo Coutinho no LinkedIn.