A cultura analítica na gestão escolar

A gestão analítica precisa avançar em todos os setores do mercado, mas na área educacional ela é ainda mais crucial, afinal é o setor responsável por ajudar no desenvolvimento de uma próxima geração da sociedade, onde profissionais inevitavelmente estarão hiperconectados em uma era de informação abundante.

No Cappra Institute estamos trabalhando ativamente o tema da Educação Analítica, e recentemente publiquei um manifesto contando um pouco das nossas motivações para realizar esse movimento, mas o tema precisa ganhar força e se expandir para todo o meio educacional, pois a gestão escolar tem papel fundamental na sustentação dessa cultura analítica. 

Recentemente conversei com o Eduardo Wolff sobre o assunto, e foi publicado no portal Educação em Pauta do Sinepe/RS uma longa entrevista sobre o impacto da ciência de dados e da cultura analítica na gestão escolar. Separei aqui alguns destaques que aparecem nesta publicação:

“O comportamento analítico é uma característica de uma sociedade hiperconectada, que precisa pensar e analisar problemas através dos dados, lidar com grandes volumes de informação e, para isso, utiliza-se de tecnologias para facilitar o seu dia-a-dia”

“Em uma era moldada pela informação, a escola assume um papel de orientação, curadoria e mentoria, não sendo mais a responsável pela narrativa. A narrativa virá do próprio aluno, que precisa aprender a discernir aquilo que é verdadeiro, dialogar as questões éticas e precisa ter acesso às ferramentas utilizadas nesse mundo hiperconectado e de big data”

“Para os próximos anos, o que se pode esperar da cultura analítica? 

A cultura analítica é um tema cada vez mais presente em razão da acelerada transformação digital, quando tudo ao nosso redor são dados, e a tecnologia é um instrumento cada vez mais simples para ativar e automatizar a informação. Torna-se fundamental estabelecer novos hábitos para um futuro inevitavelmente mais analítico. Nesses próximos anos, algumas mudanças serão fundamentais. Destaco algumas delas: 

1) Self-service analytics: todos os indivíduos transformam-se em analistas de dados, já que possuem acesso às fontes, recursos informacionais e estão, a cada dia, aprimorando suas habilidades para lidar com tudo isso. 

2) AI-driven: a próxima geração não será orientada por dados (data-driven), e sim AI-Driven, ou seja, será orientada por inteligência artificial. 

3) Ciência de negócios: as organizações estão criando ambientes de tomada de decisão como são os laboratórios de ciências, em que os recursos são os dados do negócio e os experimentos são as análises, com o objetivo de trabalhar com informações de melhor qualidade. 

4) Inforganizações: as organizações não serão mais orientadas por processos e modelos hierárquicos, e sim por fluxos de informação e sistemas inteligentes como algoritmos e IA, que serão os verdadeiros recursos adaptativos dos ambientes tanto corporativos quanto governamentais. 

5) CEO (Chief Executive Officer) e/ou CIO (Chief Information Officer): a liderança principal, além do papel executivo, também precisa assumir a responsabilidade da transformação com relação à forma como se lida com informação em todos ambientes da organização, empoderando, assim, gestores e tomadores de decisão.”

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Um futuro inevitavelmente mais analítico precisa de uma gestão escolar atualizada para contribuir com o desenvolvimento de uma sociedade melhor, isso obviamente passa por aprimorar as habilidades relacionadas ao pensamento computacional, mas muito mais do que isso, é fundamental o suporte ao pensamento crítico, o debate ético, o apoio no desenvolvimento comportamental com relação às tecnologias disponíveis, para assim contribuir com a formação de uma geração melhor preparada para viver com tanta informação.

Ricardo Cappra